13.12.08

O estado de Guantanamo

Todos já ouvimos falar de Guantanamo. E, normalmente, as referências a este local prendem-se a conotações negativas, como é o caso da posse "forçada" de uma base naval americana naquele território, ou da tortura de prisioneiros na prisão inserida naquela base naval.

Nos dias que correm, é muita a tinta derramada e as teclas gastas sobre este assunto devido a uma mudança profunda, prestes a realizar-se pelo futuro-presidente Obama, para esta base naval que implica exactamente a prisão de Guantanamo.

Em traços gerais, Guantanamo foi "arrendada" pelos cubanos aos americanos, por volta de 1903. Mais tarde, em 1934, o "contrato de arrendamento" foi reescrito, impondo as condições deste negócio, na quais se destacam o pagamento anual de uma quantia em ouro e o facto deste "contrato" se romper apenas e só quando ambas as partes estiverem de acordo. Daí as aspas em forçada, lá em cima.


Em 2002, devido ao fatídico 11 de Setembro, foi aberto um centro de detenção que adquiriu a sua (má) reputação devido aos encarceramentos de prisioneiros, por um período ilimitado, em nome da luta contra o terrorismo.
De referir que a maior parte destes detidos estão nestas condições sem haver provas evidentes contra eles, pelo que a sua detenção é baseada em suspeitas, muitas vezes provenientes de fontes de informação não totalmente credíveis.
Muitas são as histórias, vídeos, notícias e livros referentes a este assunto, no qual o destaque recai sobretudo no tópico da tortura de prisioneiros.

Na última semana, jornais de todo o mundo têm publicado imensas notícias sobre Guantanamo focando um assunto: o encerramento da prisão de Guantanamo.

Os defensores dos direitos humanos rejubilam. E assim deve ser, na minha modesta opinião.

Assumindo sempre a vontade de encerrar aquele centro de detenção, agora que tem poder, Obama começa já a movimentar as suas tropas para cumprir esta que foi uma das suas promessas eleitorais. Nas palavras de Obama, estas medidas
"fazem parte de um esforço para permitir à América reencontrar o seu caminho no plano moral".

(Quase que faz lembrar o Sócrates com as suas promessas eleitorais... not)


Entretanto, surge um problema neste processo: o que fazer aos prisioneiros?
A intenção de Obama passa em distribuí-los a quem os quiser. Certo que alguns irão para os E.U.A., mas seria impossível acolher todos os prisioneiros que actualmente se encontram em Guantanamo e que se contam em cerca de 250.

Aí entra o espírito vanguardista de Portugal que se disponibiliza para receber alguns dos detidos de Guantanamo. Mais ainda; esta disponibilidade toda é intencionada sem qualquer tipo de promessa feita pela parte dos E.U.A..
Estejam à vontade para especular sobre as razões que o nosso governo tem para tomar esta decisão, ainda para mais considerando a premissa - "não há almoços grátis", mas certamente que será um movimento político para cair nas boas graças de Obama.
É, vá lá, um "lamber as botas" ao nosso mais poderoso aliado. Perfeitamente justificável.

Numa notícia de última hora, o Expresso faz saber que Portugal já tem uma reserva de 6 prisioneiros encomendada para o nosso território, faltando apenas a confirmação oficial da posição do nosso governo em relação a este assunto para os detidos serem "despachados" aqui para o nosso canto.

A ver vamos o que vai sair daqui.

Se tudo se confirmar, é realmente de louvar o esforço de Portugal em ajudar a fechar um dos antros de violência disfarçada do regime Bush.
Mas, caso aconteça, quais serão as implicações destas medidas?
Ainda está tudo muito enevoado para se poder tirar conclusões, mas, pelo menos, a intenção está toda lá.

Entretanto, podem ver algumas fotografias que retratam visualmente o quotidiano da base naval de Guantanamo Bay; algumas delas mostram curiosidades muito interessantes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gregy, estás a postar isto, com alívio de não ires lá parar, certo?

a verdade é que tens um certo aspecto muçulmano...